TRINTA ANOS SEM O PROTAGONISTA DA FÉ COM BELAS OBRAS. PE. LUIZ TURKENBURG.
Neste dia, 23 de junho, (domingo) celebramos os 30 anos de falecimento de Pe. Luiz Turkenbug. A Paróquia Nossa Senhora de Fátima reverencia esta data em homenagem a este grande benemérito do Reino de Deus e, instalado em Itaúna. Nas celebrações da semana seu nome deverá ser pronunciado com muita ênfase, o no dia 23(domingo) as dezenove horas (19) uma Missa em sua homenagem será celebrada pelo então Pároco, ex Bispo da Diocese de Divinópolis, hoje Arcebispo da Diocese de Montes Claros, o Itaunense DOM JOSÉ CARLOS DE SOUZA, pedindo a Deus a perpetuação de sua memória e o grande legado de Pe. Luis.
Padre Luiz, Theodorus Maria Turkenburg. Theo significa (Deus). Dorus significa (presente) = presente de Deus; expressa bem o que a comunidade Itaunense sente por ele: foi um verdadeiro presente para Itaúna e Diocese de Divinópolis. Holandês, nascido em Hillegon no dia 06 de Maio de 1926, ordenou-se sacerdote pela Congregação do Espírito Santo, em 20 de Julho de 1952. No ano seguinte veio para Itaúna. Professor de música e canto no Colégio Santana e Colégio Estadual de Itaúna.
Regente de banda de música, pelas quais era apaixonado, ensaiava corais, organizava e ministrava fanfarras. Exímio pianista e organista; vibrava com os dobrados marciais. Na Holanda, obteve diploma de nível superior em um Conservatório Musical. Tão competente nessa área, que, a pedido do Diretor, para suprir uma necessidade de ter um professor titular na Escola Normal, naturalizou-se brasileiro a fim de ser nomeado funcionário público, e responder pela cadeira de Música e Canto Orfeônico. Graças a ele a Prefeitura de Itaúna. Doou um piano para o educandário. Grande sensibilidade, modelador ministro de Deus, semeou muito amor e colheu inúmeros admiradores e amigos, entre alunos, professores e pessoas da comunidade.
Em 1º de Janeiro de 1960, pe. Luiz assumiu a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Padre Eustáquio. Em nossa região, mostrou todo o seu carisma, e a bondade que sempre teve no coração. Revelou-se, ainda, ser um homem empreendedor, preocupado com as condições sociais de seus paroquianos, principalmente pobres, doentes e crianças. Dedicou esforços na construção de pré-escolas, como as da Via Tavares, Padre Eustáquio e Várzea da Olaria, Irmãos Auler, e o prédio da Escola Estadual Santana. Desde quando assumiu a paróquia do bairro Padre Eustáquio, não parou de trabalhar, dando assistência aos bairros que surgiam com o crescimento da cidade, e a zona rural.
Na construção da igreja Matriz do bairro, Pe. Luiz, ajudou a fazer massa para os pedreiros, carregou tijolos e latas de concreto incansavelmente. Foram inúmeras obras. Para conseguir tantas melhorias em suas comunidades, Pe. Luiz teve que trabalhar demais, desta maneira, dava exemplo para a comunidade que o seguia. Envolvia todos em mutirões de obras. Viam-se adolescentes, adultos e idosos colaborando. Era uma verdadeira festa a construção de uma nova Igreja, de uma nova Escola. Conseguia doações junto a empresários, e sempre se colocava a frente de tudo. Além das obras religiosas e educacionais, não se descuidava das caritativas.
Dava assistência religiosa a aproximadamente quinze comunidades, dentre elas, Várzea da Olaria, Irmãos Auler, Vila Tavares, Carneiros, Itatiaiuçu, Pinheiros, Santo Antônio da Barragem, comunidades de Freitas, Paulas e Arrudas. Achava tempo para coordenar todas as obras e assistir religiosamente suas comunidades.
Nunca demonstrava cansaço ou irritação. Quando algo não o agradava, fazia silencio. Depois procurava explicar o seu desagrado, com justificadas razões e ponderações caridosas. Para conseguir fazer tantas coisas em tão pouco tempo, inicialmente rodava a paróquia em um velho motor, fizesse sol ou chuva. Mais tarde, Ganhou um fusca da Holanda, o que veio facilitar sua maratona.
No ano 89 foi acometido por uma dolorosa doença no maxilar, um terrível câncer que lhe corroía o físico, mas não abatia seu vigor intelectual e espiritual. Chegou a sair do Brasil, indo para a Holanda fazer o tratamento, e, para alguns ele teria viajado para morrer em seu país. Os médicos deram-lhe três meses de vida. Quando ficou doente, recebeu a moléstia com tranquilidade, resignando ao árduo caminho que iria percorrer, porém, a resignação não significou entrega. Pe. Luiz com esperanças redobradas em Deus, conseguiu suplantar os piores momentos de sua jornada. Surpreendentemente voltou ao Brasil com a doença sob controle. Para definir sua luta, e por que não dizer, seu triunfo sobre a doença, é importante relembrar uma afirmação do médico que o atendia em Belo Horizonte, citada por Dona Zulmira Antunes: “no prolongamento da vida contou um pouco de medicina, o restante é algo que não se explica, algo divino, onde a ciência não entra”.
Nos anos 90, continuou trabalhando como se nada tivesse acontecido, muitas vezes contrariando as recomendações médicas. A sua força de vontade, a crença em Deus, que o premiou com uma graça sublime, a de servir seus paroquianos, o mantinha vivo e atuante. Vê-lo alimentar-se através de uma sonda, com o auxílio de uma dedicada paroquiana, enfermeira Maria das Dores “Dorinha” e outros, era um bálsamo para quantos, desesperados, que não aceitam os desígnios da Providência Divina. Debilitado Pe. Luiz, misteriosamente continuava a dar assistência à paróquia, participando e convivendo com a família e a comunidade. Em 1989, no 1º Encontro de Bandas de Itaúna, Pe Luiz deu, mais uma vez, exemplo de força de vontade, de sua crença na vida, sua fé inabalável nos desígnios divinos, regeu o “Bandão” (união de todas as bandas participantes do evento) na praça da Matriz, emocionando a todos.
Compôs um Credo novo para a Paróquia. Em outubro de 1991, teve suas músicas escolhidas para serem executadas no Congresso Eucarístico Internacional, na cidade de Natal. Na sua humildade mandou as músicas sob pseudônimo, não quis se identificar, apenas colaborar para o maior brilhantismo do evento. Padre Luiz Turkenburg completou 40 anos de sacerdócio em 20 de Julho de 1992, na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, que lhe tributou as maiores homenagens pela dedicação com que dirigiu os destinos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima no Bairro Padre Eustáquio.
Pela resolução nº 06/80, a câmara municipal de Itaúna concedeu-lhe o título de Cidadão Honorário, entregue na solenidade ocorrida no dia 20 de Novembro de 1980. Faleceu deixando consternada toda a comunidade católica Itaunense. Enterrado no cemitério local, seus restos mortais foram transferidos para a Igreja Matriz de sua paróquia. THEO-DORUS, nosso presente de Deus, foi para a Casa do Pai, deixando um legado ministerial na sua profícua gestão no Reino de Deus.
Particularmente, foi padre Luiz, um grande amigo, além de colega de trabalho no Colégio Sant`Ana, um orientador espiritual de primeira linha, com quem nunca tive constrangimento ao contactá lo.
Há uma tese de que “o homem é produto do meio em que vive” (pensador Heinz). No sentido amplo posso afirmar que Padre Luiz foi meio para muita gente, e de forma especial para mim, que tive a oportunidade de continuar meus estudos, e tantos outros, graças ao seu esforço e insistência, Pe. Luiz foi a seu estilo um grande educador assumindo às vezes, com grande eficiência, a omissão do poder público. Podemos concluir que Theo-Dorus, seu primeiro nome de batismo, em grego THEO= Deus DORUS= Presente . Padre Luiz presente de Deus, que nunca deverá sair de nossa memória.
Os mais idosos que tiveram o privilégio de conviver com o ícone da fé e da ação, não podem silenciar-se diante da oportunidade de dar seu testemunho, de proclamar o seu grande legado, para que as gerações presentes e futuras, possam valorizar os feitos daqueles que fizeram acontecer em prol do engrandecimento do Reino de Deus. Nossa Paróquia é uma comunidade espiritualizada, muito em razão de Pe. Luiz, e todos os padres sucessores de sua missão, que com certeza, tiveram e tem espíritos aguçados por este grande servo de Deus.
Pe. Luiz. Somos lhe gratos eternamente, de forma especial eu, Pedro Paulo Pinto Paroquiano e Advogado.
Itaúna, 22 de junho de 2024.