Meus textos são longos
Ainda preciso me acostumar a escrever textos mais resumidos, para que ocupem o seu devido espaço, sem precisar que sejam editados ou cortados. Porém, é difícil resumir emoções e sentimentos, principalmente em dias nublados. Estes dias cinzentos, com suas nuvens plúmbeas são um convite à introspecção e quando ela surge, de mansinho vai se apoderando de mim. A introspecção me conduz ao silêncio, que eu tanto amo. Confortavelmente instalada numa cadeira, permito a vazão de todos os meus sentimentos. Muito difícil é resumir emoções. Elas afloram por todos os poros, pelos olhos, pelo coração, pelo semblante, pelos dedos das mãos, pelo sorriso. Impossível transmiti-las num espaço tão pequeno. Nós bem sabemos o quanto nossos sentimentos são gigantes dentro de nós. Mais que isso, é como se eu tivesse um vulcão dentro do peito. Um vulcão adequadamente adestrado, ajustado, que nunca, por nenhum motivo, irá entrar em erupção. Tenho controle sobre ele. Mas, ele lá está e me aquece, me instiga, quer explodir e eu o acalmo. E se tenho um vulcão dentro do peito, é impossível resumir o que sinto.
Nossas experiências diárias de prazer, dor, alegria, tristeza, ganhos, perdas, reconhecimento, injustiça, medo, coragem são os magmas que alimentam o nosso vulcão interior, que quando as rochas se rompem, através das crateras são expelidas para fora, como lavas. Procuro cuidar do meu vulcão interior, de suas rochas e crateras, para que nenhuma lava escape e machuque alguém. Mas, resumir sentimentos, para alguém tão experiente quanto eu, peço desculpas, não consigo. Por isso, meus textos são longos.