Madrugando
Sinto o silêncio da madrugada. Aquele silêncio bom que permite as orações mais profundas, honestas e sinceras, que traz a meditação necessária para o dia que daqui a pouco desperta.
Aos poucos, começo a ouvir os primeiros sons. O canto entusiasmado dos passarinhos que amam o amanhecer, sua algazarra alegre me traz mais ânimo. Especialmente hoje, ouço o barulho da chuva que começa a cair, vai ficando mais intensa e os pássaros silenciam, não sei se para apreciarem a chuva ou para se esconderem dela. O barulho do carro do vizinho me faz lembrar que há muitos que se levantam antes de mim e outros que nem dormem, passando a noite inteira executando seus trabalhos. Não há o que reclamar. A chuva diminui, os pássaros voltam a gorjear, ouço as batidas do relógio da Matriz, batidas que tanto aprecio, pois me acompanham desde a minha infância. Conto no ritmo do relógio, com a calma pertinente a ele. É muito cedo, tento dormir novamente. Sinto um friozinho roçando as minhas costas e puxo a colcha, na tentativa de me enroscando, conseguir pegar no sono de novo. Nada… O tempo passa. Não houve nenhum barulho da passagem do trem nessa madrugada.
Ouço agora as passadas do filho no corredor, sei que desce as escadas, ouço a porta se abrindo e fechando lá embaixo, ele irá à missa bem cedinho. Dou glórias a Deus!
Hoje é domingo, o dia do Senhor. Todos os dias são dEle, mas os domingos são especiais, pois nos recordam a Ressurreição de Jesus Cristo. Ouço as batidas novamente do relógio da Matriz, conto, são sete horas. Penso em me levantar, passar logo um café. Fico aguardando, mais um pouquinho, o som do relógio a me despertar. O despertador tornou-se aquele que anuncia que mais um dia nos é ofertado, nos convida para as lutas e alegrias diárias, para as vitórias e as derrotas, enfim, para o aprendizado. Hoje é domingo! Hoje o relógio não tem o despertador acionado. Não tenho hora para levantar. Mas, já que estou bem desperta, vamos lá viver o que virá.