Em paz
Abro o portão que dá acesso à minha casa, nesta noite de sexta-feira e caminho em direção à porta principal deste lugar que eu tanto amo. Já com a chave na mão e pronta para adentrar, inspiro profundamente e compreendo que ali caminha uma mulher que está em paz. Estou em paz! Estar em paz, mesmo diante de dificuldades e dores, de perdas, de remanejamento de algo em sua vida é uma grande dádiva. A paz não significa a ausência de sofrimentos, mas o entendimento de que tudo o que nos acontece tem um sentido e uma razão de ser. Assim, caminho, buscando a sabedoria para aprimorar a minha capacidade de estar em paz, mesmo diante de adversidades. Há momentos na vida em que não é possível estar feliz, mas sempre é possível estar em paz.
Com o passar do tempo, compreendo o quanto a evolução espiritual passa pelo lapidar de nossas imperfeições. Somos constantemente convidados a este lapidar de nossas fraquezas. E o lapidar é um processo que traz algum desconforto e dor, mas que nos conduz à paz. Enfrentar diariamente os nossos senões, encarar com exatidão os nossos erros e falhas, num processo que exige coragem e honestidade não é tarefa fácil, mas conduz à paz.
Venho de uma hora e meia de orações na Igreja de Nossa Senhora das Graças, neste bairro, cheio de graças, onde moro. Senti a manifestação de Deus nas pessoas, nas falas, nos textos lidos durante a Santa Missa e a Adoração ao Santíssimo. Tenho a graça de estar disponível neste tempo para rezar. E, minha alma necessita deste alimento, desta introspecção e reserva, do silêncio e das reflexões. Estou em paz!
Entro pela casa, alegre e um pouco esbaforida, o que parece não combinar com a paz que eu trago em mim. Cada um tem um jeito de ser e o meu é um pouco atabalhoado, às vezes. Procuro pelo meu marido, para iniciarmos as comemorações do que vivemos nesta semana, e compartilharmos aquilo que tivemos como percalços, no mais delicioso brinde e diálogo. Estou em paz!
E estando em paz, tenho a alegria de viver e de ser quem sou.