E por falar em inimigos
Buika disse- O punhal do inimigo o afias tu. Não falta motivos para ter um inimigo de estimação, aliás, alguns conseguem criar mais de um, uma coleção. Dizem com muita propriedade que são nossos mestres, e me pergunto, não seria melhor aprender com amigos? Parece ser que nossos amigos aceitam tudo que fazemos de bem ou de mal, inclusive nossa cegueira em não reconhecer que existem os outros, psicologicamente nada compatíveis com aquilo que cremos aceitável para uma mínima convivência. A rejeição do outro muitas vezes não ocorre por culpa do outro, generosamente digo que nem sempre, pois a simples existência nossa contribui com a metade da intriga. Por isso, por circunstâncias ou birra, insistimos em alimentar as feras, nossas, e de algum inimigo de turno com todos os defeitos do mundo, reconhecidos no outro por possuirmos os mesmos. Quando menos, teríamos que ter a consciência da possibilidade do outro ter a mesma visão coincidente com a nossa. Basta uma chispa para que o amor vire ódio, simpatia em antipatia, confiança em desprezo. A impermanência condutora dos movimentos físicos e psicológicos não são percebidos e levados em conta para avaliar um procedimento alheio, e, muitas vezes o nosso, quando insistimos na crença dual do bem e do mal. Seguimos no erro de acreditar que temos mais que um instante entre uma respiração e outra.
Equivocamos.
Bastaria um sorriso.
Nódege A. Mesquita