E por falar em Divórcio
Poucos são capazes de manter o brilho nos olhos na tentativa ilusória do eterno.
Não é possível desejar sentir sempre o mesmo a respeito de tudo sem destruí-lo.
Viver em frente ao mar pode que lhe faça perder a vontade de umas férias, de tirar umas fotos, congelar instantes, todo o existente segue adiante com variadas nuances.
Ao querer uma relação sem mudanças, com a natureza das coisas, consigo mesmo e com o outro, deixando de surpreender com o que muda em si mesmo e no outro em uma relação, é basicamente praticar uma eutanásia do sublime, raro e difícil de conceber.
Talvez isto seja uma contundente argumentação ao absurdo número de divórcios que observo aqui na Espanha, chegando a mais de cinquenta por cento dos matrimônios.
Com o tempo, chego a perceber a necessidade, entre outras, de levar ao primeiro encontro todos os demônios que levamos dentro. Atuantes ou não.
Depois, deixar claro as expectativas pessoais sobre o futuro que deseja na relação antes de deixarem os hormônios atuarem, porque estes não são racionais e jogam apenas com o instante.
Também, temos a considerar nossa desesperada necessidade de sentirmos amados por outro; por um outro que também necessita desesperadamente sentir-se amado.
Ocorre que a base deste enamoramento não é sólida e necessariamente clara como deveria de ser, diante de um contrato disposto a envolver novos e inexperientes protagonistas.
Pode ser que o amor não tenha propósito algum de permanência, mas o matrimônio sim.
Não permita que a paixão esteja no comando para algo tão sério.