E por falar de Amor
Não deste necessário, universal, de sentido comum à sobrevivência humana, falo do amor sabiamente ditado por Platão como uma enfermidade.
Do nada, os mais de sete bilhões de seres de seres humanos passam a não fazerem sentido, a não existirem. Que podemos chamar este fenômeno senão uma enfermidade ainda que temporal, mas uma enfermidade?
Do filme do diretor Eliseo Subidela encontramos um diálogo muito interessante sobre o amor. O protagonista encontra sua ex em uma cafeteria e, abro parênteses, ela lhe pergunta como está, se ainda continua buscando uma mulher que segundo ele seria capaz de voar fazendo sexo. Ele, depois de uma pausa contesta – é muito difícil.
E ela, – o quê? Ele segue – o amor; como amar sem possuir, como deixar que te queiram sem que que te falta o ar; amar é um pretexto para ser dono do outro, para fazer do outro seu escravo; para transformar a vida do outro em sua vida; como amar sem pedir nada em troca, sem necessitar nada em troca.
Ela – se não tivesse passado o tempo sentiria que está me julgando, mas o que parece é que está assustado e se está assustado é que algo forte te está passando; continua, – quase sempre o erro que cometemos é, pensar só o que passa em nós, parece tão importante o que sentimos que nada do outro pode ser tão importante como isso que sentimos e esta contradição pode ser trágica.
Ele – se não tivesse passado o tempo diria que está fazendo autocrítica.
Ela contesta – é o erro mais comum que cometemos todos, querer que o outro seja da maneira que queremos que seja e não como é.
Fecho parênteses.
Depois de tudo é necessário abandonar a razão até para falar do amor. Falar de algo que é alegria e sofrimento, prazer e dor, de algo tão maravilhosamente tenebroso.
Uma inevitável e prazerosa enfermidade.