Bilionário brasileiro decide doar 60% da fortuna
Pra que acumular, né? Aos 80 anos, o bilionário brasileiro Elie Horn decidiu doar 60% de sua fortuna em vida. Dono da Cyrela, maior construtora de luxo do país ele disse que sua missão é fazer caridade e filantropia. “É preciso dinheiro para isso”, ressalta.
Bem-humorado, o bilionário costuma dizer: “Deus é meu sócio”. “Se ele quer que eu faça caridade, preciso ganhar dinheiro.” A previsão é que a Cy-rela fature este ano em torno de R$ 10 bilhões.
Ele atribuiu a generosidade à sua religiosidade. Judeu, Elie ouviu de seu mestre religioso, Menachem Mendel Schneerson, que sua missão era convencer outros empresários a seguir pelo caminho da caridade.
Filantropia e caridade
O bilionário reuniu 25 empresários para criar o projeto Think Tank do Bem, destinado a ideia que promovam iniciativas positivas em diferentes frentes.
“O bem é algo que dá sentido a tudo que você faz de bom. Enquanto tiver cabeça, saúde e recursos, eu quero fazer o bem até o fim da minha vida, até os últimos dias”, ressaltou ele em entrevista ao jornal Estado de São Paulo.
Nada de descanso
Sempre com uma resposta na ponta da língua, Elie disse que não para de trabalhar nem de produzir, porque se fizer isso, vai achar que está morto. “Eu não quero parar, porque parar é morrer. Se Deus me deu força para produzir, eu sou covarde de não produzir. Tenho dois prazeres: a leitura e a filantropia.”
O bilionário disse que o propósito maior da vida é fazer o bem e ajudar o próximo. “Caridade é dividir algo com quem tem menos condição que você”, afirmou.
Em seguida, o empresário ensina: “Se alguém não tem, e você tem a mais, não dar é muito egoísmo. Mais do que egoísmo. É não tomar conta da sua existência”.
Desafios e dificuldades
O bilionário admitiu que seu maior desafio é convencer outros empresários a segui-lo. “Tento. Não consigo, às vezes consigo. Mas tento”, reconheceu.
Segundo o bilionário, perdeu “a vergonha” de pedir aos amigos para fazerem filantropia. “Minha missão é perseverar nesse caminho.”
Para ele, o problema que “prende” as pessoas é o egoísmo, não cultura. “Não é cultural não, é egoísmo sim. Egoísmo. E a pessoa não tem noção de que Deus existe.”
Conciliar o trabalho e a filantropia não é simples. O empresário acorda todos os dias entre 3h ou 4h da manhã, faz aulas diárias de filosofia para “alimentar a alma”, além de musculação e natação. Eventualmente faz caminhadas pelo jardim de sua casa, que tem mais de 500 m².
“Então no tempo que me sobra, eu faço metade trabalho, metade minha filantropia”, disse Elie, reiterando que quer continuar “produzindo” — seja nos negócios da companhia ou com a caridade — todo o tempo enquanto estiver vivo.
O empresário destacou a importância de ações sociais que “não mudam com os partidos políticos e dos programas habitacionais do governo, afirmando que “dar teto para alguém que nunca teve teto é muito importante”.
Elie falou, ainda, que se preocupa com “as vítimas do sistema”, citando a pobreza e a falta de acesso à saúde de qualidade.
“Preocupa quando vejo alguém morrendo de fome […] ou por causa da medicina. Essa é minha grande preocupação”, diz o empresário, sinalizando não se preocupar tanto com a economia, uma vez que ela é cíclica.
“Eu já vivi boa parte da minha vida e as coisas se repetem. Então, eu nunca fico muito preocupado se a bolsa sobe ou desce. Eu já vi esse filme acontecer”, afirma.
“Já vi o país quebrar umas cinco ou seis vezes. A moeda desaparece, o dólar sobe, a inflação vai para 80% ao mês. […] Isso tudo não me afeta mais porque já estou acostumado. De tanto apanhar, já estou calejado. Mas o mundo não muda, o país não muda, o sistema não muda. E isso é triste”, completa.