Apologia ao SIM
Muitas pessoas fazem psicoterapia, acompanham profissionais de coaching, frequentam cursos para aprender a dizer não. Em um mundo egoísta, massificador, egocêntrico no qual vivemos, já repletos de não, inclusive impensados e ditos de forma precipitada, as pessoas desejam aprender a dizer não. Não me amole, não me tire da minha zona de conforto, não exija nada de mim, não me cutuque com suas observações, não me instigue com sua felicidade, não me procure… Não posso, não tenho tempo, não tenho disponibilidade, não, não, não… E… a depressão, a angústia, a ansiedade se acentuam e afloram ainda mais, trazendo todas as suas consequências.
Deixo bem claro, que excluo aqui o não que deve ser bem dito, diante de situações abusivas e tóxicas, de exploração e interesse claro em lesar o outro. Esse não tem que ser claramente dito com todas as suas letras, mesmo que dito com calma. Há limites e estes têm que ser respeitados e compreendidos.
Falo do não dito por preguiça, por procrastinação, por desejo de permanecer onde se está, sem nenhum constrangimento de não mover uma palha para o bem estar de outra pessoa, para o engrandecimento de si mesmo, para a atitude real de ser alguém que faça a diferença. Falo do não que é uma demonstração clara da falta de afeto, de caridade, da compreensão de que aquilo que está em nossas mãos, pode ser resolvido, numa atitude de real acolhimento. Falo do não desnecessário, pois muitas vezes está ao nosso alcance a solução.
Observo o quanto as pessoas, e aqui também me incluo, sutilmente valorizam excessivamente o que fazem, quando a lição de humildade e de total servidão nos foi oferecida há mais de dois mil anos. Nossa entrega não tem preço, ela tem valor, ela traz a sustância que nossa alma precisa para ser nutrida e para estar feliz. Servir é o que nos incorpora, nos fortalece, nos mostra a nossa importância no plano divino. Sair da nossa zona de conforto e caminhar em direção aos outros, para ajudá-los em suas dores e dificuldades é que nos dignifica.
Deixemos de lado o aprendizado de nãos desnecessários, que queremos dizer por pura preguiça. Foi o sim de uma mulher que dividiu a história da humanidade em antes e depois de Cristo. Não deveríamos jamais nos esquecer disto.