E por falar em pecado
Descobri minha religião quando ouvi do orador que não existia o pecado, quando se é criado com o sentimento de pecador, de culpa por aquilo que fazemos embasado em um livro de enganos, foi como tomar um copo de água fresca no verão.
Havia um sentimento sem razão em não aceitar culpas alheias e acima de tudo em não crer no perdão alheio por minhas faltas. Havia algo mais incômodo.
Era impossível ver alegria na maldade cometida por mim e pelos outros. Como em um quadro em branco, cada pequeno mal que fazia ficava gravado por toda a vida.
O que me ofereciam não me convencia, seguia o mal-estar depois do confessionário. Acumulava.
Deveria haver uma maneira de não pecar, ou melhor, de deixar de fazer coisas que pudessem causar mal-estar, porque uma vez feitas era inevitável.
Deveria haver uma maneira de vomitar tudo aquilo que fizemos de mal, como na comida por exemplo, um boldo ou outra medicina qualquer, mas o que ofereciam, apenas aliviavam o sentimento de culpa
com variadas distrações. Ofereciam gelatinas para alguém com fome.
Para uma tribo nômade sem informação com o desenvolvimento científico cultural pode ser aceitável o argumento de pecado, o resto é pura conveniência pessoal e social.
Acreditar no paraíso futuro é ignorar qualquer atitude presente, ignorar a natureza humana de causa e efeito física e mental.
É possível aprender na vida o que se pode comer sem que nos faça mal e consequentemente nos premiar com uma ótima saúde física; é possível aprender na vida o que se pode fazer para evitar sentir-se mal e consequentemente gozarmos de uma excelente saúde mental. Basta apenas sermos responsáveis do que fizermos em todos os âmbitos de nossa vida, e sermos responsáveis é sermos capazes de destruir de vez a possibilidade do pecado, porque esta crença leva à possibilidade do perdão ou permissão. Conhecimento e sentido comum é o antídoto do pecado. Não tem porque mudar de religião.